quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
O assalto continua.
A Caixa BI (banco de investimento da Caixa Geral de Depósitos) prepara-se para pagar este ano prémios comerciais e de produtividade de mais de um milhão de euros - uma parte deste valor já foi entregue no último trimestre do ano.
Em 2009, a CGD pagou três milhões em bónus. Este ano e em 2011 não pagará nada
(Shamila Mussa/ arquivo)
Em causa, estão remunerações variáveis que irão abranger parte dos cerca de 200 colaboradores do banco de investimento, que é liderado por Jorge Tomé.
Em Novembro, a Caixa BI atribuiu cerca de 500 mil euros de prémios comerciais a directores e técnicos, correspondentes ao primeiro semestre de 2010. A remuneração variável é fixada segundo uma grelha variada de critérios: comissões recebidas, produtos bancários vendidos, operações financeiras. E em Janeiro, segundo apurou o PÚBLICO, o banco de investimento do grupo público irá entregar outro tanto aos colaboradores que, nos últimos seis meses do ano, cumpriram os requisitos exigidos.
No total, esta parcela de remunerações variáveis soma mais de um milhão e cem mil euros, o equivalente a quase 10 por cento dos vencimentos globais (fixos e prémios de produtividade) auferidos, em 2009, pelos empregados da Caixa BI (12 milhões de euros). Se forem somadas as remunerações da equipa de gestão, então o banco de investimento pagou salários de 14,3 milhões de euros.
Em todo o caso, e dado o actual regime de austeridade imposto pelo Governo às empresas do universo estatal, a iniciativa da Caixa BI de pagar prémios comerciais que são, no fundo, prémios de produtividade, pois avaliam a rentabilidade dos funcionários e destinam-se a incentivá-los, está a suscitar "ruído" na CGD. Em 2010, a Caixa BI apresenta uma rentabilidade dos capitais próprios de 23 por cento, para um aumento das comissões de 16 por cento. Já o rácio cost to income (que mede o grau de eficiência da companhia) atinge os 24 por cento.
Grupo confirma
Fonte do grupo do Estado confirmou ao PÚBLICO que a atribuição de prémios comerciais não contraria a estratégia de rigor que está a ser seguida pelo Governo que impôs à Função Pública e ao sector empresarial do Estado, onde se integra a CGD, medidas de contenção que envolvem a redução dos salários, o congelamento das promoções, de carreiras e de nomeações, mas também a atribuição de prémios ou bónus.
O mesmo responsável da Caixa Geral de Depósitos lembrou que, em 2010 e em 2011, e na sequência das orientações recebidas pelo Ministério das Finanças, a Caixa BI não irá proceder à distribuição de bónus (que são dados em função dos resultados) pela gestão (o que abrange todas as administrações do grupo CGD). Em 2009, a Caixa BI entregou aos administradores, a este título, três milhões de euros (verba que soma aos salários auferidos). No total, no ano transacto, os custos com pessoal registados pela Caixa BI ultrapassaram os 17 milhões de euros.
Recorde-se que a gestão da CGD, liderada por Faria de Oliveira, questionou o Governo, por escrito, sobre a decisão de aplicar à instituição pública, que no conjunto tem 10.600 trabalhadores, as medidas de austeridade inscritas no quadro do Orçamento do Estado para 2011. E lembrou que a CGD opera no mercado em concorrência com outros bancos privados, pelo que lhe solicitou que lhe fosse aplicado o regime de excepção nos cortes salariais, à semelhança do que aconteceu este ano com o congelamento de salários. Mas o Governo recusou, o que não havia feito em 2009, e já avisou que não haverá excepções e que a contenção será aplicada aos trabalhadores da CGD.
Algumas excepções
Todavia, as regras agora impostas pelo Governo permitem às empresas do sector empresarial do Estado, como é o caso da CGD, pagar prémios de produtividade aos trabalhadores (não aos gestores), caso a empresa cumpra as metas de rigor fixadas: redução de custos em cinco por cento e de fornecimentos de serviços de terceiros em 7,5 por cento.
Em todo o caso, Francisco Bandeira, vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos, à margem de uma conferência promovida em Lisboa pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC), no dia 3 deste mês, declarou que "há sacrifícios que vamos ter que correr, há questões tomadas que nós vamos ter que implementar. A questão é a flexibilidade, em que medida e como é que esses sacrifícios vão ser cumpridos por parte da CGD. Nós sabemos que há questões salariais que vão ter que ser executadas na Caixa, o que queremos é flexibilidade na forma de aplicar no tempo."
O gestor acrescentou ainda que a Caixa Geral de Depósitos "vai enquadrar-se no que o accionista [o Estado] definiu e nós vamos fazer isso com a certeza de que encontraremos um caminho que seja bom para a CGD, que concorre com os outros bancos que não são do sector público". Francisco Bandeira rematou: "Não se pode tratar igualmente o que é diferente e a CGD tem boas razões para se considerar diferente."
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1 comentário:
a maior parte do funcionalismo e pensionistas recebe pela CGD
com os juros baixitos que pagam
podem pagar o que quiserem
se quer diminuir a espórtula mude para o BES
este ano sempre vão contrair os premios
um gerente na CGD ganha em média 700 euros mais que um do Banif
mesmo os de agências pequenas
têm remunerações similares aos das grandes ou tinham em 2005
acontece o mesmo aos professores que alcançaram o 10ºescalão
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