sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Grupo Acre uns anitos depois...2ª parte
Já sabia pela Marquesa Nova, dada às artes, como é própria de uma menina de sua condição que ia acontecer...
Dia de inaugurações no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (F.C. Gulbenkian). Delas destaco a da exposição ANOS 70 ATRAVESSAR FRONTEIRAS. Fica até 10 de Janeiro de 2010. Claro que lá voltaremos, para o olhar mais atento que não está disponível em inaugurações, mais para ver os artistas e outras pessoas do que as respectivas obras.
A rua também festejou: reviveu uma intervenção de 1974, que aqui fotografei com telemóvel, à falta de melhor preparação. (Não, o telemóvel não fotografa nada: eu é que fotografei.) Dizem-me que a intervenção foi criada então, e recriada agora, por Clara Menéres. Mas, aí, fio-me no que me dizem, que eu não sei. (Ou, pelo menos, não sei se sei. Se está certo o que me disseram, sei. Mas, sem saber se está certo o que me disseram, não sei se sei. Ou estou errado?)
Nova vida para o Centro de Arte Moderna? Suspeito que sim. Que bem merece.
Esta exposição, que ocupará praticamente a totalidade do CAM, visa mostrar a produção artística portuguesa da década de 70, época particularmente fecunda para a história da cultura e das artes visuais em Portugal. Será dada ênfase a obras que traduzam a assunção de uma ideologia de experimentação (estética, plástica, formal), uma enorme variedade de orientações (materiais e plásticas) e linguagens, desde as tradicionais pintura e escultura, até à performance, à instalação, bem como à consagração da fotografia e da imagem em movimento. Pretende-se também dar alguma visibilidade a um núcleo de documentação histórica, realçando o cartaz como suporte de comunicação global.
texto de Porfírio Silva in «machina spechulatrix
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Grupo Acre uns anitos depois...
Anos 70 – Reconstituição da primeira intervenção do grupo ACRE
Recuperando a iniciativa de Agosto de 1974, na calçada da Rua do Carmo, em Lisboa, pretende-se evocar o período marcante que envolveu a arte portuguesa no contexto do pós-25 de Abril, com a pintura de uma malha de círculos de duas dimensões a rosa e a amarelo, demarcando-se assim da gama cromática privilegiada pela maior parte dos partidos políticos da época, o vermelho e o preto.
O grupo Acre formou-se em torno dos artistas Clara Menéres, Lima Carvalho e Queiroz Ribeiro, e a sua acção não autorizada e realizada de noite procurava trazer a arte para a rua, propiciando, através de formas visuais simples, uma leitura renovada dos espaços urbanos e estabelecer uma comunicação directa entre artista e público.
Nunca é demais publicitar e fazer pessar!
A escola não pode esperar mais
O actual modelo de avaliação de professores e a divisão arbitrária da carreira em duas categorias criaram o caos nas escolas. A burocracia, a desconfiança e o autoritarismo jogam contra a melhoria das aprendizagens e contra a dedicação total dos professores aos seus alunos. Quem perde é a escola pública de qualidade.
Este ambiente crispado e negativo promete agudizar-se nas próximas semanas. Com efeito, até ao dia 31 de Outubro, se até lá nada for feito, as escolas estão obrigadas por lei a fixar o calendário da avaliação docente para o ano lectivo que agora começou. Pior ainda, sucedem-se os Directores que teimam em recusar avaliar os docentes que não entregaram os objectivos individuais, aumentando a instabilidade e a revolta.
Independentemente das alternativas que importa construir de forma ponderada,é urgente que a Assembleia da República decida sem demoras parar já com as principais medidas que desestabilizaram a Educação, sob pena de arrastar o conflito em cada escola e nas ruas.
Porque a escola não pode esperar mais, os subscritores deste manifesto apelam à Assembleia da República que assuma como uma prioridade pública a suspensão imediata do actual modelo de avaliação de professores, a revogação de todas as penalizações para os que não entregaram os objectivos individuais e o fim da divisão da carreira docente. Sem perder mais tempo.
Não podemos esperar mais. A Educação também não.
Subscrevem:
Os blogues: A Educação do Meu Umbigo (Paulo Guinote), ProfAvaliação (Ramiro Marques), Correntes (Paulo Prudêncio), (Re)Flexões (Francisco Santos), Outròólhar (Miguel Pinto), O Estado da Educação (Mário Carneiro), O Cartel, Octávio V Gonçalves (Octávio Gonçalves)
Os movimentos: APEDE (Associação de Professores em Defesa do Ensino), MUP (Movimento Mobilização e Unidade dos Professores), Promova (Movimento de Valorização dos Professores), MEP (Movimento Escola Pública)
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O Século da Imagem
O Século da Imagem
O século XX extingui-se, deixando esquecidas as profecias desenterradas das trevas do terror do final do primeiro milénio. O mundo não acabou, e, apenas ficou para traz um século profícuo no capítulo das artes visuais. Digo isto, considerando o ascendente da imagem, e a maneira como esta monopolizou a comunicação. É por isso que este século deveria ser chamado «O Século da Imagem».
Dizendo isto não pretendo significar mais senão isto. As outras formas de expressão não se lhe subalternizam, são apenas diferentes, muitas vezes fundem-se em obras de síntese, e, quando falo da imagem não me refiro apenas à que advém do universo «erudito», mas de todos outros meios, cinema, televisão, publicidade e artes gráficas, meios informáticos, onde pontifica, e não só pela actualidade, a Internet.
E, a propósito de tecnologia, é imperativo mencionar que esta desempenhou e desempenha um papel de relevo. Basta reparar que a invenção da fotografia, ainda no século XIX, ao invés de suscitar uma concorrência relativamente às artes plásticas, contribuiu de modo decisivo para a autonomia de ambas, notando-se que este aspecto decorre do final da pintura naturalista e da necessidade da burguesia se afirmar na busca da sua imagem.
O anterior aspecto referido da evolução tecnológica, terá a importância de facilitar a realização da obra plástica, e destaco a importância da evolução da industria química, no desenvolvimento da fabricação de corantes sintéticos e do desenvolvimento dos polímeros, tendo os artistas à disposição novos produtos, o que terá um incontestável utilidade na criação artística.
Outro aspecto que determina o século XX, é relativo ao social: o papel da mulher no mundo das artes, não mais como fonte de inspiração, mas como interveniente no processo artístico.
Mas o aspecto que creio mais protuberante nas artes plásticas do século XX, que infelizmente creio em crise, é a sua autonomia formal, e independência, a sua assunção como fonte de conhecimento, isto é, a arte ter assumido o questionar dos aspectos substantivos do Universo, de modo nunca antes visto, e de forma tão vincada.
No aspecto estilístico, o século XX, assistiu ao desenvolvimento de uma multiplicidade de correntes artísticas, de modo nunca até então possível, e que se propagaram na cena internacional, sendo por isso possível afirmar que nos primórdios do abstraccionismo, um pintor português, Amadeo de Souza Cardoso, disputa a sua invenção.
Assistiremos até aos anos 80, a uma grande capacidade dos artistas em se exprimirem e se explanarem em correntes diversas, sendo que os últimos anos do século anunciam o fim dos «ismos» do mesmo modo que «alguém» pretende que chegaram ao fim as ideologias.
Regressaria a arte ao conformismo do «ancient règime»? A um formalismo barroco, ao alheamento do real, contando apenas o objecto artístico com o seu aspecto mercantil de objecto fabricado no universo dos objectos de consumo?
Ao ser assim, esvaziaria um percurso de mais de cem anos de pesquisa protagonizado por tantos artistas, dos quais destaco, pois terá sido o homem que mais experimentações levou a cabo, e que não se dissociou da realidade social, Picasso.
No Século da Imagem, é de Picasso a imagem que escolho como «Imagem do Século» - Guernica , que não terá sido o Massacre do Século, mas que o prenuncia.
O século XX extingui-se, deixando esquecidas as profecias desenterradas das trevas do terror do final do primeiro milénio. O mundo não acabou, e, apenas ficou para traz um século profícuo no capítulo das artes visuais. Digo isto, considerando o ascendente da imagem, e a maneira como esta monopolizou a comunicação. É por isso que este século deveria ser chamado «O Século da Imagem».
Dizendo isto não pretendo significar mais senão isto. As outras formas de expressão não se lhe subalternizam, são apenas diferentes, muitas vezes fundem-se em obras de síntese, e, quando falo da imagem não me refiro apenas à que advém do universo «erudito», mas de todos outros meios, cinema, televisão, publicidade e artes gráficas, meios informáticos, onde pontifica, e não só pela actualidade, a Internet.
E, a propósito de tecnologia, é imperativo mencionar que esta desempenhou e desempenha um papel de relevo. Basta reparar que a invenção da fotografia, ainda no século XIX, ao invés de suscitar uma concorrência relativamente às artes plásticas, contribuiu de modo decisivo para a autonomia de ambas, notando-se que este aspecto decorre do final da pintura naturalista e da necessidade da burguesia se afirmar na busca da sua imagem.
O anterior aspecto referido da evolução tecnológica, terá a importância de facilitar a realização da obra plástica, e destaco a importância da evolução da industria química, no desenvolvimento da fabricação de corantes sintéticos e do desenvolvimento dos polímeros, tendo os artistas à disposição novos produtos, o que terá um incontestável utilidade na criação artística.
Outro aspecto que determina o século XX, é relativo ao social: o papel da mulher no mundo das artes, não mais como fonte de inspiração, mas como interveniente no processo artístico.
Mas o aspecto que creio mais protuberante nas artes plásticas do século XX, que infelizmente creio em crise, é a sua autonomia formal, e independência, a sua assunção como fonte de conhecimento, isto é, a arte ter assumido o questionar dos aspectos substantivos do Universo, de modo nunca antes visto, e de forma tão vincada.
No aspecto estilístico, o século XX, assistiu ao desenvolvimento de uma multiplicidade de correntes artísticas, de modo nunca até então possível, e que se propagaram na cena internacional, sendo por isso possível afirmar que nos primórdios do abstraccionismo, um pintor português, Amadeo de Souza Cardoso, disputa a sua invenção.
Assistiremos até aos anos 80, a uma grande capacidade dos artistas em se exprimirem e se explanarem em correntes diversas, sendo que os últimos anos do século anunciam o fim dos «ismos» do mesmo modo que «alguém» pretende que chegaram ao fim as ideologias.
Regressaria a arte ao conformismo do «ancient règime»? A um formalismo barroco, ao alheamento do real, contando apenas o objecto artístico com o seu aspecto mercantil de objecto fabricado no universo dos objectos de consumo?
Ao ser assim, esvaziaria um percurso de mais de cem anos de pesquisa protagonizado por tantos artistas, dos quais destaco, pois terá sido o homem que mais experimentações levou a cabo, e que não se dissociou da realidade social, Picasso.
No Século da Imagem, é de Picasso a imagem que escolho como «Imagem do Século» - Guernica , que não terá sido o Massacre do Século, mas que o prenuncia.
Cartago
Claro que morria se não fosse a Cartago. Fui ver o que sabia que era. Morte e vingança do Império. Chão salgado.
domingo, 18 de outubro de 2009
eugénio de andrade
O Silêncio
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
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