terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A propósito...

A nova geração já não acredita em paradas nupciais. Essas deixa-as para os animais que, indiferentes à velocidade com que se vive, actualmente, continuam os seus velhos rituais de acasalamento.
O namoro, o velho namorar, que implicava a corte, as flores, os olhares trocados furtivamente, tornou-se uma espécie de artefacto pré-histórico que os paizinhos e os avós recordam, sempre que folheiam os livros de memórias.
Agora, estamos na época da fast food, das tecnologias de ponta, que resolvem tudo no mesmo minuto, e o tempo é sentido como um bem precioso, que não se pode desperdiçar com "frases lamechas", com virtuosismos amorosos. Ao velho pedido de "queres namorar comigo?" sobrepõe-se, quando há tempo para isso, "o queres andar comigo?", atitude descomprometida que se iguala a tudo o que se faz num ritmo alucinante. E, paradoxalmente, as emoções ainda sobrevivem, mas os olhares tormaram-se mais indiscretos, menos subtis, porque ninguém quer perder o comboio da modernidade.
Festeja-se o São Valentim, porque é produto importado que faz subir as vendas -o que é bom para a economia de mercado-, mas não se promovem valores, nem se procura restituir o velho encanto, o prazer de ver corar alguém de vergonha.
É o fast food, meus senhores. O produto acabado da nossa sociedade. Não há tempo para regatear. É pegar ou largar. Quem não apanha este barco do amor pode acabar no cais da solidão à espera de outros barcos. Mas será que tem tempo?


Ana Cosme

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