sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Desaparecido...

 Desaparecido

 Sempre que leio nos jornais:
 "De casa de seus pais desapareceu. . . "
Embora sejam outros os sinais, 
Suponho sempre que sou eu.

Eu, verdadeiramente jovem,
Que por caminhos meus e naturais,
Do meu veleiro, que ora os outros movem,
Pudesse ser o próprio arrais.

Eu, que tentasse errado norte;
Vencido, embora, por contrário vento,
Mas desprezasse, consciente e forte,
O porto de arrependimento.

Eu, que pudesse, enfim, ser meu
— Livre o instinto, em vez de coagido,
"De casa de seus pais desapareceu..."
Eu, o feliz desaparecido

Carlos Queirós

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