Paulo VI, o Colégio que tem um contrato de associação no centro de Gondomar e que selecciona os alunos
O post do João José Cardoso sobre a manifestação das escolas privadas em Lisboa fez-me querer saber quais são as 93 escolas que têm contratos de associação no país. Aqui estão elas.
Com espanto, verifiquei que uma das escolas que mantém contrato de associação é o Colégio Paulo VI, em Gondomar. Estamos em presença de um bom colégio, mas não é isso que está em causa.
Porque o que está em causa é o seguinte: é um colégio que não cumpre o principal requisito das escolas com contrato de associação – oferecer educação gratuita a uma região que não dispõe de oferta pública. É que, em redor do Paulo VI, a menos de 1 ou 2 km, existe uma extensa rede de escolas públicas, todas com capacidade para albergar mais alunos. No total, são 47 escolas primárias (1.º Ciclo), 7 escolas E B 2 3 (2.º e 3.º Ciclos) e 4 Escolas Secundárias - Gondomar, Rio Tinto, S. Pedro da Cova e Valbom. São números que respeitam apenas à cidade de Gondomar e às freguesias limítrofes e que não contabilizam, por isso, as freguesias mais afastadas da freguesia-sede, como Jovim, Foz do Sousa ou Melres.
O maior argumento para se manter este contrato de associação cai, pois, por terra – e assim se vêem as mentiras que têm surgido no Público e que o João José Cardoso denuncia nestoutro post.
Para além disso, uma escola com contrato de associação, por definição do próprio site que surgiu recentemente em defesa destes contratos, é
uma escola que recebe os alunos da sua área de implantação sem restrições.Pois bem, todos sabemos que as escolas privadas seleccionam os seus alunos em função dos resutltados escolares. Não querem maus alunos que façam baixar as suas médias nos «rankings». Por isso seleccionam. É o caso do Paulo VI, que não o poderia fazer por ter contrato de associação com o Ministério.
A situação é tão escandalosa que, antes das reuniões de avaliação do 1.º Período, neste ano lectivo, uma Encarregada de Educação veio ter com uma Directora de Turma da minha escola e pediu-lhe para ela dar positiva ao filho no fim do Período. « – Sabe, senhora professora, é que eu quero pô-lo no Paulo VI pró ano e lá, para entrar, também contam as notas do 1.º Período.»
Ou seja, o Colégio Paulo VI também não cumpre o requisito de aceitar todos os alunos da sua área de proveniência. E mesmo assim, julga-se no direito de receber do Estado todas as verbas como se de uma escola pública se tratasse.
No final, não admira que o Colégio Paulo VI, com todas essas selecções, apareceça em 1.º lugar do «ranking» das escolas do concelho de Gondomar. Mas repare-se: com todas essas selecções, os seus alunos de 9.º ano têm de média 3,63, enquanto que a escola classificada em 2.º lugar, a Secundária de Gondomar, tem praticamente a mesma média – 3,23%.
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